Sáb. Abr 20th, 2024

Pela primeira vez, Banco de Portugal cita criptoativos num relatório de estabilidade financeira. E lembra episódios de volatilidade, como a GameStop ou Archegos, para deixar alerta aos investidores.

Há algum tempo que ouvimos falar em bitcoin e moedas digitais. Agora, e pela primeira vez, termos como “cripto ativo” e “cripto moedas” surgiram no vocabulário do Relatório de Estabilidade Financeira que o Banco de Portugal publicou (como o faz todos os semestres) para dar conta dos riscos financeiros mais proeminentes em Portugal e lá fora.

Com estas referências, o supervisor bancário, liderado por Mário Centeno, quis vincar a ideia de que os investidores já deixaram a fase do medo, após o impacto da pandemia, e assumem agora maior propensão para o risco, mas essa situação levou a uma “valorização expressiva” das bolsas e do mercado em geral nos últimos tempos que pode ser perigosa.

Segundo o Banco de Portugal, os “sinais de menor aversão ao risco” começaram por verificar-se inicialmente nos setores de menor exposição à pandemia. Mais recentemente essa tendência alastrou-se a ativos mais especulativos, como os criptoativos e também as chamadas special purpose acquisition companies (SPAC).

Em relação às SPAC, que já movimentou 37 mil milhões de euros em 14 transações desde o início do ano na Europa, o supervisor português avisou que as características destes veículos e o menor grau de exigência na informação prestada “podem representar uma fonte de risco de mercado e liquidez para os investidores”.

Sobre as criptomoedas, que “são a classe que observou a maior valorização em 2021, estando atualmente identificados mais de 4.000 ativos deste tipo”, o Banco de Portugal frisa “que a valorização destes instrumentos não tem nenhum ativo subjacente, nem é sujeita ao mesmo grau de supervisão dos outros ativos financeiros”. E avisa: quem investe nestes instrumentos encontra-se exposto “ao risco de liquidez e a episódios de volatilidade como o observado em maio de 2021”, quando as criptomoedas afundaram significativamente.

GameStop, Greensill e Archegos levantam dúvida.

Para o Banco de Portugal, a valorização acentuada dos mercados financeiros internacionais deveu-se não só à melhoria das expectativas económicas (após impacto da pandemia), mas também reflete uma “procura mais intensa por rendibilidade”.

Este tipo de comportamento dos investidores tem causado turbulência nos mercados, e disso são exemplo vários episódios recentes relacionados com “o aumento da participação dos investidores de retalho nos mercados financeiros (e.g., Gamestop), a falência da Greensill e da empresa de gestão de património Archegos”.

O supervisor diz que, embora não tenham afetado a estabilidade do sistema financeiro, estes “três eventos têm levantado questões de transparência, interligações financeiras, atitude em relação ao risco e elevada alavancagem”. E são, nessa medida, “possíveis fontes de risco sistémico para o funcionamento dos mercados financeiros”, considera o Banco de Portugal.

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